Por uma universidade presente nas lutas do povo, Irineu e Joana para a reitoria da UFSC!

A eleição para a gestão de uma universidade do tamanho e da qualidade da UFSC é um momento fundamental da vida política de Santa Catarina e guarda importância especial nesta conjuntura. A UFSC é a mais tradicional instituição de ensino superior do estado, berço de diversos quadros que dirigem a política catarinense e nacional. Como uma instituição-chave no interior da sociedade, a universidade não é só um reflexo aparente das disputas e das relações de poder, mas agente fundamental na constituição e reprodução do capitalismo dependente em nosso país. A universidade é, por excelência, o espaço privilegiado da produção de conhecimento, cultura e arte, que recebe o mais notório prestígio da sociedade e é mobilizado para legitimar, aprofundar e reproduzir os padrões de dominação político-cultural e econômica do povo brasileiro. Por estas mesmas razões, atendendo aos interesses mais perversos dos monopólios, do latifúndio e do imperialismo e sendo determinante, também, para incutir a ideologia dominante e seus ideais individualistas e meritocráticos na juventude. 

Uma eleição de reitoria, ou uma gestão de reitoria, não tem o poder para construir sozinha uma universidade popular, vinculada com as tarefas históricas do nosso povo de maneira imediata. Para disputar a estrutura da universidade e sua gestão com consequência, é preciso ter ciência de que a universidade brasileira está profundamente enraizada em uma estrutura que perpetua a dependência, o desarme completo da produção política-cultural voltada aos interesses do povo brasileiro, do aprofundamento da desindustrialização nacional e da destruição de uma pesquisa soberana. Se, por um lado, existem estas determinações estruturais que não se resolvem com uma ou outra troca de gestão, a conquista de uma reitoria progressista pode contribuir para muitas tarefas cumulativas e também de fortalecimento de posições mais diretamente relacionadas com a democratização e a defesa da ciência, bem como seu uso para o combate à fome, à miséria, ao desemprego e à dependência nacional. Ou seja, longe de ilusões com a institucionalidade, compreendemos esta eleição como parte da disputa maior do sentido da universidade; enquanto um momento que pode fortalecer nossa resistência frente à ofensiva das classes dominantes à medida que contribui também para elevar o nível de organização e consciência da comunidade universitária como um todo.

Nesse sentido, ao passo que é importante para a sustentação da ordem vigente, a universidade e seu movimento político também podem ser importantes para a construção de uma nova realidade educacional, na ciência, na saúde, na segurança pública, na indústria e nos diversos elementos centrais à soberania brasileira. Como peça-chave na formação política/intelectual e no desenvolvimento nacional, pode e deve ser disputada para atender às demandas pujantes de nossa gente, direcionando o ensino, a pesquisa e a extensão conforme nossos interesses e necessidades, à construção de uma universidade que impulsione a luta pela transformação da sociedade como um todo e se faça verdadeiramente do povo, pelo povo e para o povo.

Entretanto, essa disputa não é fácil. Diante da escalada fascista sob o governo Bolsonaro, acelerou-se ainda mais o processo de aniquilamento dos direitos bravamente conquistados pelo povo, bem como a investida voraz contra nossas alternativas de resistência. Na última década, até vimos exceções como as reitorias da UFRJ e da UFPR, que fizeram de suas administrações instrumentos de defesa da comunidade universitária e voz do movimento universitário contra a política nacional de destruição da educação superior pública, estatal, laica e gratuita, exemplificando gestões que se voltaram para as maiores tarefas nacionais relacionadas ao campo da educação. Mais recentemente, todavia, as possibilidades têm sido mais estreitas, como vimos com as duras represálias às reitorias que tiveram papel ativo na luta pelo esclarecimento nacional da situação da pandemia no Brasil, tal qual com o agenciamento de intervenções nas Instituições Federais de Ensino Superior pelo governo Bolsonaro, que explicitam o projeto nefasto das classes dominantes de asfixiamento da autonomia e da democracia universitária.

Sabedoras das posições estratégicas que cumprem as universidades em nossa sociedade, as forças do bloco dominante de poder sempre participam de sua disputa, e na UFSC a direita e a estrutura da maçonaria têm grande tradição de controle da máquina administrativa e da política universitária. Neste sentido, a luta por demarcações e por espaço político em geral na sociedade catarinense se confunde no interior da disputa pela reitoria desta instituição. Há tradição no conflito entre chapas progressistas e mais diretamente vinculadas às políticas do imperialismo nesse processo, e neste ano, especificamente, a eleição antecipará parte da tensão nacional a respeito da continuidade do governo bolsonarista e das alternativas para vencê-lo, em diferentes alcances. Isto é, esta eleição de reitoria se dá em um momento muito importante da disputa política nacional, traduzindo e localizando um conjunto grande de conflitos políticos que estão no centro do programa do movimento golpista para a educação, e deve tomar especial atenção do Movimento Estudantil no ano de 2022. 

Nos últimos tempos, sob o bombardeio da mídia ligada às elites empresariais, assistimos ao alarmante descrédito da universidade pública, ao mesmo tempo que avança a ofensiva privatizante com seus cortes orçamentários e projetos como o Future-se 2.0 e a hibridização do ensino. Para contrapor esses ataques e firmar a universidade como uma trincheira de resistência aos desmandos das oligarquias, precisamos construir em todo o movimento universitário uma forte defesa do caráter público da UFSC, defendendo uma gestão responsável, eficiente e transparente, que se construa com firmeza e autonomia frente ao governo federal, e pautada em cada vez mais democracia em cada espaço decisório da política universitária, aliando nossas lutas imediatas e parciais à construção da Universidade Popular. Para tanto, é preciso conhecermos verdadeiramente as candidaturas colocadas neste pleito e fazer a defesa enfática de um programa popular para a UFSC.

Dando continuidade à gestão atual e à longa tradição de candidaturas aliadas às elites para a reitoria da universidade, a professora Cátia Carvalho (da candidatura “UFSC Viva”) carrega consigo o legado de uma Administração Central que pouco se empenhou para atender à permanência e às demais reivindicações estudantis, foi partícipe ativa na precarização das condições de trabalho na UFSC e apresenta ainda mais riscos pelo histórico amistoso com o grande empresariado catarinense, com o Senador Jorginho Melo – integrante da tropa de choque de Bolsonaro no Senado Federal –  e pela atuação retrógrada na direção do campus de Joinville e no Conselho Universitário (CUn). Já tendo dado provas do pouco e dificultado diálogo com o Movimento Estudantil e do estreito espaço de reivindicações e construção de luta sob sua gestão, é uma figura de limitada destreza política e nenhum compromisso com os reais interesses dessa que é a maior parcela da instituição. Atrelada à velha política, essa candidatura se perde em uma suposta representatividade que não encontra base na luta da comunidade e não alcança suas verdadeiras necessidades, vestindo-se numa roupagem democrática, inclusiva e igualitária que apenas significa mais descaso com nossos interesses, não se propondo ao enfrentamento necessário ao governo Bolsonaro, ou mesmo à construção das demais pautas centrais à luta dos setores oprimidos. Situada ainda mais à direita que a atual reitoria, Cátia representa um projeto de universidade passiva frente às lutas necessárias não só pela autonomia universitária, mas por todos os anseios populares por uma UFSC amplamente democrática e progressista, mantendo fortes acenos conciliatórios e subservientes às oligarquias locais, ameaçadoras da universidade.

Edson de Pieri, da candidatura “UFSC Sempre”, chega a essa eleição com uma bagagem ainda maior de absurdos e como a candidatura mais alinhada ao governo Bolsonaro. Defensor declarado dos interesses privados das elites, da captação de financiamento privado para pesquisa e extensão, ligado às fundações, representa os setores mais retrógrados da universidade, como deixou claro em suas intervenções no pleito de 2018, ao tratar do golpe que chamou de “revolução de 64” e na condução enquanto diretor do CTC nos conselhos de centro e no CUn, em que defendeu o Future-se e foi contra as reivindicações estudantis para melhores condições para o Ensino Remoto Emergencial. Por detrás de sua dita eficiência e renome, De Pieri carrega o apoio de entulhos defensores do atual governo e, especialmente, do setor mais reacionário da comunidade, que combate ferrenhamente a política de cotas, a presença de estudantes cotistas raciais ou por renda, LGBT+ e de diversas outras camadas historicamente oprimidas, bem como a luta da comunidade acadêmica em defesa da universidade pública. Assim, ainda que se colocando de forma mais moderada, é a representação pura de uma lógica elitista, academicista e produtivista para a universidade, que se baseia nos ideais meritocráticos e excludentes que não podem mais encontrar espaço na UFSC.

Por fim, Irineu Manoel de Souza e Joana Célia dos Passos despontam em uma candidatura construída de forma ampla e coletiva, que contou com mais de 100 pessoas na elaboração de seu programa, que recebeu mais de mil assinaturas de apoio. Sob o nome “Universidade Presente”, a chapa de Irineu e Joana é a mais avançada dessa eleição, articulando o campo progressista da universidade em nome de valores verdadeiramente democráticos e contra o empresariamento da educação, firmando compromisso com a valorização, a democratização e a defesa da ciência. Irineu já foi candidato 3 vezes à eleição, e o apoiamos no último pleito, em 2018, reconhecendo sua experiência e abertura de diálogo com o Movimento Estudantil em sua trajetória como estudante, TAE e professor, tal qual como atual diretor do Centro Socioeconômico (CSE). Na construção conjunta da candidatura, apresenta-se como vice a professora Joana Célia dos Passos, diretora do Centro de Ciências da Educação (CED) e reconhecida militante do movimento negro e feminista local e nacionalmente, trazendo elementos importantes de mobilização e capacidades políticas, acadêmicas e de gestão também já reconhecidas, em forte diálogo com as bases estudantis e dos movimentos sociais. 

Para além de suas trajetórias profissionais de destaque no campo da gestão e da elaboração de políticas públicas para acesso às universidades, Irineu e Joana se colocam ativamente na construção do diálogo e da democracia junto ao Movimento Estudantil, desde suas gestões no CSE e no CED, até sua intervenção contundente no Conselho Universitário por melhores condições de estudo, trabalho, lazer e vida em geral na UFSC. Essa construção dialogada e democrática da candidatura evidencia o compromisso com a participação da comunidade na definição dos rumos da universidade, considerando a prioridade das políticas de permanência, o enfrentamento diante do governo federal e a defesa intransigente de uma UFSC pública, gratuita, de qualidade e cada vez mais conectadas aos anseios e às demandas populares. Aliando o trabalho na UFSC à luta dos movimentos sociais, é a candidatura capaz de se firmar como resistência nos tempos sombrios que atravessamos, e como esperança do combate ao avanço fascistizante e golpista em nosso país, na luta contra Bolsonaro e sua corja. É nesta perspectiva de comprometimento com as causas de nossa gente que temos construído e chamamos o voto à candidatura de Irineu e Joana – 58, considerando que há muito a disputar e avançar na UFSC, e que é com esta reitoria que será possível abrir um novo momento de conquistas em nossa universidade, para torná-la de fato presente na vida de quem a sustenta e dela precisa, rumo à Universidade Popular.

Dessa maneira, está posto que o cenário dessa eleição é certamente desafiador, especialmente em uma realidade de tamanha novidade e dificuldade de articulação do Movimento Estudantil, que se renova em um contexto de saída do Ensino Remoto Emergencial e chegada de muitas levas de estudantes que pouco ou nada tiveram de contato com a universidade. Encarar um processo eleitoral no formato que está dado, com o calendário eleitoral tendo o 1° turno online e o 2° presencial, exige de cada pessoa comprometida com a derrubada do governo Bolsonaro e desse projeto inescrupuloso das elites, de verdadeiro desmonte das universidades públicas e de todos os direitos, um posicionamento contundente: Irineu e Joana para a reitoria da UFSC! 

É hora de alavancarmos a UFSC como polo de enfrentamento ao projeto das classes dominantes, construindo uma universidade presente nas lutas do povo e disposta a protagonizar a luta em defesa e pelo avanço da democracia e de nossos direitos. 

Vote 58, vote Universidade Presente!

Fora Bolsonaro! 

Por uma Universidade Popular!

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